A Maçonaria
Por 40 anos depois da Segunda Grande Guerra, a Franco-Maçonaria foi exageradamente defensora da sua privacidade. Havia também uma política de não se comunicar com a imprensa ou de tentar corrigir qualquer erros factuais que ali aparecessem. Como resultado, muitas pessoas desenvolveram uma estranha percepção do que é a Franco-Maçonaria e do que os Maçons faziam. Desde 1984, a Franco-Maçonaria na Inglaterra voltou a se abrir para eliminar os muito mitos que surgiram até então. Hoje em dia, os Maçons são estimulados a falar sobre a Franco-Maçonaria para suas famílias, amigos e colegas. Profissionais de Relações-Públicas estão disponíveis e tem sido entrevistados muitas vezes na televisão, rádio, internet e imprensa. Qualquer um pode vir dar uma olhada no "Freemasons Hall" em Londres e muitos outros lugares Maçônicos no mundo tem programados dias para abertura ao público.

O que é a Franco-Maçonaria?
A Franco-Maçonaria é uma das mais antigas sociedades fraternais. As lições que a Franco-Maçonaria ensina em suas cerimônias tem a ver com valores morais (governando as relações entre as pessoas) e o seu reconhecimento, sem que com isso tente cruzar os limites da religião, uma vez que tudo depende da divina providência de Deus. Os Maçons sentem que essas lições continuam tão atuais hoje como na época em que tomaram a sua forma moderna na virada do século 17. Apesar de muita gente proclamar em contrário, a Franco-Maçonaria não é uma sociedade secreta. Os assim chamados "segredos maçônicos" são apenas usadas como uma forma cerimonial de identificação entre Maçons durante os encontros em Loja. De qualquer forma, eles tem sido expostos pela mídia desde que a Franco-Maçonaria existe, e não são informações importantes de qualquer forma. O fato de um Maçom prometer não revelá-los é apenas uma forma encenada para demonstrar a virtude de ser capaz de manter suas promessas de forma geral.
Outra razão de porque a Franco-Maçonaria não pode ser chamada de uma sociedade secreta é que os Maçons não precisam manter a sua filiação secreta (eles podem contar a quem quiserem), e quando e onde os Maçons se encontram são informações públicas (você encontrará facilmente os centros maçônicos em listas telefônicas) e o nosso livro de regras, O Livro das Constituições, e nossos objetivos estão prontamente disponíveis a qualquer um. É irônico que os Maçons por serem parcimoniosos em revelar a sua filiação (porque eles foram e ainda são ensinados a não usar essa filiação para tentar obter benefícios pessoais), críticos tem interpretado isso de forma completamente errada, e acreditam que há alguma coisa escondida e sórdida por trás disso. Nada poderia estar mais longe da verdade. As Cerimônias maçônicas são encenações seculares de moralidade, que são feitas de coração pelos membros da Loja para benefício da pessoa que está se tornando Maçom ou ao Maçom que está se aprofundando nos ensinamentos da Franco-Maçonaria. Cada cerimônia tem uma mensagem para o candidato. Uma razão adicional para que os Maçons não saiam divulgando os detalhes dessas cerimônias é simplesmente porque isso iria prejudicar o candidato. Exatamente pela mesma razão que você não deve contar a um amigo o final de um livro ou de um filme que recomendou.
Sob a Constituição Inglesa, basicamente a Franco-Maçonaria é dividida em duas partes, uma chamada de Craft (NT.no Brasil: Ritual de Emulação) e o Real Arco. Para Maçons que queiram explorar o assunto em mais profundidade, além desses dois há um mundo de outros cerimoniais, os quais por razões históricas não são administrados pela "United Grand Lodge of England". Todos os Maçons Ingleses (e outros no mundo que estejam sob a regulação da UGLE) passam por todas as cerimônias do Ritual de Emulação (ou cerimônias básicas) a menos que eles desistam da Franco-Maçonaria muito cedo. O Ritual de Emulação por sua vez se divide em cerimônias para três graus, e tratam as relações entre as pessoas, a natural igualdade entre os homens e a sua dependência dos outros, a importância da educação e as recompensas do trabalho duro, da fidelidade às promessas, da contemplação à inevitabilidade da morte, e o dever de ajudar aos outros. A segunda parte, o Real Arco, enfatiza a dependência dos homens a Deus.
Apesar de todos os Maçons terem de professar e manter uma fé em um ser supremo, e das cerimônias incluírem preces, a Franco-Maçonaria não é de nenhuma forma um substituto para a religião. Ela não tem nem pode vir a ter nenhuma doutrina religiosa, não oferece sacramentos, e não afirma levar à salvação. Por incluir preces em suas reuniões, a Franco-Maçonaria não compete com a religião, da mesma forma como dar graças antes da refeição. E mais que isso, os Maçons são proibidos de discutir religião nos encontros. A Franco-Maçonaria de origem Inglesa também é estritamente não-política, e a discussão de assuntos políticos em reuniões maçônicas é expressamente proibida. Essas regras derivam do fato de que a Maçonaria objetiva encorajar os seus membros a descobrirem o que pessoas de todas as diferentes culturas tem em comum. Como é bem sabido, o debate sobre religião e política tem mais do que frequentemente levado a desentendimentos, descriminações, perseguições e até guerra. Um maçom portanto é orientado a seguir seus deveres para com Deus através da sua fé e prática religiosa, e então, sem detrimento da sua família e daqueles que dependam dele, ajudar ao seu próximo através da caridade e serviço. Nenhuma dessas idéias é exclusiva da Franco-Maçonaria, mas todas devem ser universalmente aceitas e espera-se que todos os maçons as sigam.
As Cerimônias
As cerimônias maçônicas são meios de se alcançar um objetivo. Na Franca-Maçonaria as cerimônias (ou rituais como são frequentemente chamados) são os meios pelo qual os princípios da Franca-Maçonaria são passados ao candidato de uma forma encenada. Mesmo que orações sejam usadas em certos pontos, o ritual categoricamente não é uma cerimônia religiosa. É meramente um conjunto de estórias formalizadas para introduzir os novos membros na Franca-Maçonaria e explicar para eles no que é que estão se juntando e o que vai ser esperado deles.
Os maçons tem tradicionalmente mantido as cerimônias exclusivamente para si mesmos por uma razão muito simples. Se alguém que quiser se tornar um Maçom souber de antemão todas as estórias e dramatizações isso iria arruinar o efeito, da mesma forma que se alguém de repente lhe contar o final de um filme ou livro que ele queria muito ver. Os Maçons não fazem temerosos juramentos para não revelar nada do que ocorre nos encontros da loja. Então porque usar rituais? Há duas razões. Primeiro, ao usar cerimônias formalizadas todo mundo entra na maçonaria de uma forma igual, compartilham da mesma experiência, quaisquer que sejam a sua posição ou status fora da Loja. Em segundo lugar, ao continuar a usar cerimônias com dramatizações incorporadas, alegorias e simbolismo, os princípios da Franca-Maçonaria são firmemente marcados na mente do candidato. As origens do ritual, assim como a origem da Franca-Maçonaria, não foram completamente determinadas. Além do fato de que usavam uma "palavra maçônica", não temos idéia como eram as cerimônias que foram usadas nas antigas lojas escocesas de maçons operativos (agrupamentos de construtores de edifícios da idade média).
As mais antigas evidência de que temos vem de duas origens: um conjunto formado por mais de uma centena de versões de um documento conhecido como "Old Charges" (Antigas Obrigações) e o livro "Natural History of Staffordshire" do Dr. Robert Plot. Apesar das muitas variações das "Old Charges" as maiores diferenças estão nos detalhes, porém todas seguem um padrão. É uma antiga e legendária história do trabalho dos construtores serem regidos por um grupo de regras (ou obrigações) pelas quais eles deveriam conduzir-se tanto no trabalho quando na vida particular. As mais antigas das várias versões datam da primeira metade de 1600, dando uma indicação de práticas rituais. Um juramento era tomado, sobre a bíblia, para preservar os segredos das técnicas de trabalho e outros mistérios; A "palavra maçônica" e o sinal eram então comunicados; as obrigações eram lidas, informando o novo maçom dos seus deveres para com Deus, para com seu mestre, e para com seus companheiros. Então a história lendária era lida. O livro do Dr. Plot adiciona alguns detalhes incluindo a colocação de um avental e a entrega de um par de luvas brancas, uma para si e outra para sua esposa. Somente depois de 1690 pode-se obter evidências do conteúdo do ritual no manuscrito "Edinburgh Register House" composto de um grupo de perguntas e respostas descrevendo uma cerimônia simples e os sinais.
De 1690 a 1729 um número de manuscritos e listas de perguntas e respostas sobreviveram. Estes mostram um sistema simples de dois graus (Aprendiz Aceito e Companheiro Artesão), a tomada de um juramento sobre a Bíblia (algumas vezes incluindo penalidades físicas), a comunicação de sinais e palavras para cada grau e um simbolismo muito simples baseados nas ferramentas dos pedreiros e construtores. As mais antigas referências a um terceiro grau até onde se sabe vem de 1725, mas só depois 1730 pode-se ter ideia do seu conteúdo. Naquele ano Samuel Prichard publicou sua inconfidência "Masonry Dissected". Ali mostrava um sistema de três graus separados, Aprendiz Aceito, Companheiro Artesão e Mestre Maçom - cada um com seus próprios sinais e palavras, mas com apenas um juramento no primeiro grau. As cerimônias tinham duas partes: a comunicação do sinal e da palavra, em cada caso seguido de uma pequena lista de perguntas e respostas nas quais a cerimônia e o propósito do grau era explicado, de novo usando um simbolismo simples baseado nas ferramentas de trabalho com as pedras. De 1770 em diante, as preleções baseadas em perguntas e respostas começaram a ser expandidas, incorporando explicações simbólicas para a forma que o candidato deveria ser preparado para cada mudança de grau. Foram também incluídas mais ferramentas dos pedreiros (maçons) para ilustrar as virtudes que se esperava que fossem praticadas pelos maçons e explicações simbólicas para os móveis presentes na sala da Loja e para os ornamentos usados pelos membros.
Formaram-se duas Grande Lojas (agrupamentos de lojas) que tinham entre si diferenças na forma de conduzir os rituais. Em 1813 as duas Grande Lojas se reuniram sob o nome Grande Loja Unida da Inglaterra e sob ela foi formada a Loja de Reconciliação para produzir um ritual comum a ser usado por todas as Lojas. A Loja de Reconciliação gastou dois anos trabalhando nesta mixagem e em 1816 suas recomendações foram aceitas pela Grande Loja Unida da Inglaterra e ordenou-se que fosse adotado por todas as Lojas. Na essência as cerimônias do século 18 foram expandidas para incorporar material das preleções, que gradualmente entraram em desuso.
Como a GLUE recusava-se a permitir que o novo ritual fosse impresso ou sequer que circulasse como manuscrito, arranjou-se para que fosse permanentemente demonstrado por uma Loja especialmente criada para esse fim: A Emulation Lodge of Improvement. O objetivo de produzir um ritual comum a ser usado por todas as Lojas nunca foi de fato concluído. Os métodos deficientes de promulgação do novo sistema juntamente com uma recusa das lojas regionais de desistir de alguns de seus hábitos locais fizeram com que no final das contas surgisse uma ampla variedade de ritos sendo praticados nas Lojas inglesas. A estrutura usada é a mesma por todos esses ritos, mas há diferenças nas palavras e formas de conduzir as cerimônias, e em alguns ritos há juramentos e obrigações adicionais.
As obrigações lidas ao iniciante é possivelmente uma das mais sucintas explicações sobre com levar vida boa e útil. O Ritual não é imutável e tem aos poucos mudado e desenvolvido-se por quase 300 anos. Uma das maiores mudanças, que começou imperceptivelmente, tem sido a desvinculação com o cristianismo puro. Antigamente muito do simbolismo usado poderia dar uma nítida explicação cristã (santíssima trindade) e os dois santos João (o Batista e o Evangelista) foram proclamados como patronos da ordem. A partir do século 18, como não-cristãos também começaram a buscar admissão, as referências cristãs começaram a se diluir e por fim a serem removidas, de forma que homens de diferentes fés poderiam se juntar para trabalharem sua moral sem conflitos.
Com a sua firme crença de que o ritual é auto-explicativo, a UGLE sempre se recusou a criar manuais para explicar em mais detalhes os significados e simbolismos dos três graus. No entanto, escritores maçônicos entusiastas tem produzido livros onde eles colocam sua visão pessoal, e frequentemente um pouco conflitante, da interpretação do ritual. Em alguns casos as tintas religiosas que alguns escritores dão aos rituais são profundamente ofensivas à grande maioria dos Maçons. Nunca pode-se deixar de lembrar que essas interpretações são sempre individuais e que portanto não refletem a visão da UGLE nem sequer da maioria dos maçons no mundo.
Como a Maçonaria Começou
Nas cerimônias os Maçons são informados que a Franco-maçonaria surgiu quando o Rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém e que os maçons que construíram o Templo estavam organizados em Lojas. É dito também que o Rei Salomão, o Rei Hiram de Tiro, e Hiram Abif controlaram essas lojas como Grão-Mestres. As cerimônias, no entanto, foram criadas como alegoria e simbolismo e as estórias que elas contam sobre a construção do templo não são literais ou fatos históricos, obviamente, mas apenas uma forma romanceada de explicar os princípios da Franco-Maçonaria. A Franco-Maçonaria nem se originou nem existia nos tempos de Salomão. Muitos historiadores bem intencionados mas mal informados, tanto maçons como não maçons, tem tentado provar que a Franco-Maçonaria tem uma descendência direta com os mistérios da Grécia Clássica, ou deriva diretamente da religião dos construtores das pirâmides.
Outras teorias dão conta que a Franco-maçonaria formou-se a partir de bandos de construtores-viajantes atuando sob a autoridade Papal. Outros ainda estão convencidos que a maçonaria evoluiu de um bando de cavaleiros templários que escapou para a Escócia depois que a ordem foi dizimada no oriente médio e Europa. Alguns historiadores chegaram mesmo a afirmar que a Franco-Maçonaria deriva da misteriosa e sombria Irmandade Rosacruciana que pode ou não ter existido na Europa por volta de 1600. Todas essas teorias tem sido estudadas, mas nenhuma evidência sólida foi encontrada que dê credibilidade a qualquer uma delas. A resposta honesta à pergunta de onde, quando e porque a Franco-Maçonaria se originou é que simplesmente não sabemos. Evidências antigas da Maçonaria são muito poucas e incertas, e faltam muito a serem descobertas - se é que existem - para provar qualquer teoria. O entendimento mais comum entre os historiadores e pesquisadores maçônicos sérios é que a Franco-maçonaria surgiu direta ou indiretamente dos construtores-pedreiros (ou maçons operativos) que construíram as grandes catedrais e castelos.
Uma nova teoria interessante coloca a origem da Franco-maçonaria num quadro de caridade. Nos anos de 1600 não havia estado de bem-estar, e qualquer um que ficasse doente ou se tornasse desabilitado tinha de contar apenas com amigos e a Lei dos Pobres como ajuda. Naquela época muitos negociantes que tinham interesses em comum formaram o que se chamavam de clubes da caixa. Essas se formaram durante reuniões onde todos colocavam dinheiro em uma caixa comunal, sabendo que se eles caíssem em tempos difíceis, eles poderiam se candidatar a receber ajuda da tal caixa. Das evidências sobreviventes sabe-se que esses clubes da caixa começaram a admitir membros de fora do negócio e tinham muitas das características das primeiras Lojas. Eles se encontravam em tavernas, tinha cerimônias de iniciação simples e senhas, e praticavam caridade em uma escala local. Talvez a Franco-Maçonaria tenha surgido de um clube-da-caixa criado por construtores maçons-operativos.
Apesar de não ser possível dizer quando, porque ou onde a Franco-Maçonaria se originou, é possível saber onde e quando ela começou. Em 24 de Julho de 1717 quatro lojas se reuniram na taverna "Goose and Gridiron Ale House" nas proximidades da igreja de St Paul, e formaram entre si uma Grande-Loja e elegeram um Grão-Mestre (Anthony Sayer). Por alguns anos a Grande Loja foi apenas um festival onde o Grão-Mestre e Vigilantes eram eleitos, mas em 1721 outras reuniões começaram e formou-se um corpo regulatório. Por volta de 1730 já havia mais de 100 lojas sob seu controle, (incluindo uma na Espanha e outra na Índia), tinha publicado um Livro das Constituições, começou a operar um fundo centralizado de caridade, e atraia um amplo espectro da sociedade nas suas Lojas.
Em 1751 uma outra Grande Loja surgiu como rival, formada por maçons de maioria Irlandesa que foram impedidos de juntar-se a Lojas de Londres. Seus fundadores afirmavam que a Grande Loja original tinha se afastado dos costumes estabelecidos e que eles pretendiam praticar a maçonaria 'de acordo com as antigas instituições'. Assim, confusamente eles se chamavam de "Antigos", e rotularam seus rivais mais velhos de "modernos". As duas Grande-Lojas coexistiram lado a lado tanto na Inglaterra como em além-mar, por 63 anos, nenhuma aceitando que a outra formasse maçons aceitáveis (ou seja, chamavam os maçons da outra como de irregulares).
Felizmente em 1809 foram formados comitês para promover a reunião das duas Grande-lojas, e em 27 de Dezembro de 1813 foi formada a "United Grand Lodge of England".